Tudo sobre o DIU: quanto custa e outras dúvidas | Drauzio Varella

2021-11-04 09:33:42 By : Mr. Jacky Xiao

Valores, exames, documentos que podem ser solicitados, acompanhamento ginecológico… Leia o que é preciso saber antes de colocar o DIU.

O dispositivo intrauterino, popularmente conhecido como DIU, é um método contraceptivo a longo prazo que impede o contato dos espermatozóides com os óvulos. O objeto em formato de T é inserido no útero e possui duas grandes classificações: hormonal, como o DIU Mirena ou Kyleena, e não hormonal, como o DIU revestido de cobre ou de prata. 

Os primeiros, hormais, além da contracepção redução ainda no controle de sangramentos vaginais e na definição de hormônios. Já os segundos alteram a secreção uterina para impedir a fecundação, mas não afetam a ovulação ou o ciclo menstrual. Por outro lado, geralmente têm como efeito colateral o aumento do fluxo sanguíneo durante a menstruação. Ambos possuem eficácia na prevenção de gravidezes indesejadas de mais de 99%.

O DIU é indicado para mulheres que procuram uma solução reversível e não se adaptam ou possuem contraindicações, por exemplo, ao uso de pílulas anticoncepcionais. No entanto, a decisão da inserção do dispositivo e do modelo / material mais adequado é bastante individual, pois depende da avaliação de diversos fatores entre o médico e o paciente. 

Mas, uma vez decidido por esse método, qual é o próximo passo? Como conseguir a inserção do DIU, seja no sistema público ou privado? A dra. Thais Travassos, ginecologista e obstetra da clínica Viver Bem e voluntária da Santa Casa de São Paulo, responde às principais dúvidas.

Os ginecologistas são os profissionais que realizam a inserção do DIU com mais frequência, mas alguns médicos da família também fornecem uma preparação necessária para o procedimento.

“Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), depende de quem para o médico assistindo a um paciente, ele mesmo já pode fazer uma colocação. Quando o profissional não tem essa capacitação, ele encaminha para o ginecologista ”, explica a dra. Thais. 

Esse primeiro contato é muito importante para tirar todas as dúvidas sobre o DIU e entender, em conjunto com o médico, qual é a opção mais adequada para o seu caso.

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Antes da inserção do DIU, o ginecologista ou o médico da família costuma solicitar três avaliações principais: o exame físico, o Papanicolaou e a ultrassonografia transvaginal. 

O exame físico avalia principalmente a região das genitálias para conferir se não existem mudanças menstruais, corrimentos, dores inexplicadas ou outros problemas que mereçam atenção. Já o Papanicolaou investiga as células do colo do útero, um fim de descobrir se há algum tipo de lesão patológica ou cancerígena.

“O ultrassom transvaginal, por fim, avalia as dimensões do útero para ver se não há variação anatômica. Ainda que estes dois últimos exames não sejam obrigatórios, é comum que sejam solicitados ”, detalha a médica.

Recentemente, um grupo de operadoras de planos de saúde em São Paulo foi denunciado por exigir uma permissão do marido das pacientes casadas para a implantação do DIU. A prática, no entanto, é ilegal e não pode ser critérios.

Como destaca a dra. Thais, a autorização para o procedimento deve ser concedida pela própria paciente. Onde, os serviços têm um termo de consentimento por se tratar de um procedimento cirúrgico, que serve para que a pessoa saiba de todos os riscos e benefícios antes de sua realização.

Caso um paciente seja menor de idade, é o responsável legal quem tem de assinar o documento. “Principalmente na rede pública, há hipóteses em que o DIU de cobre é inserido no pós-parto imediato ou após um abortamento. Se a gente tem um paciente jovem que não pretende gravar nos próximos anos, é possível fazer essa colocação, mas o responsável por ela tem que autorizar ”, pontua a ginecologista.

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A dra. Thais afirma que o mais comum é que uma colocação do DIU seja feita no próprio consultório, já que é um procedimento relativamente simples que dura de 15 a 30 minutos.

A médica explica que um paciente fica na posição ginecológica, isto é, colocado como pernas flexionadas e afastadas, para receber o exame físico. Então, é realizado uma assepsia da região, limpando o colo do útero para prevenir doenças. Depois, o ginecologista avalia o tamanho, a posição e a mobilidade deste colo e parte para a sequência da profundidade e da direção do útero com uma régua chamada histerômetro. Avaliações feitas, ele insere o DIU. Todo o processo pode e costuma ser feito dentro do próprio consultório.

“Alguns profissionais conseguem aplicar uma anestesia local. Podemos ainda apresentar por encaminhar mulheres que sentem muita dor, desconforto ou possuem o colo do útero estenosado, ou seja, muito fechado, para o centro cirúrgico. Mas é uma decisão particular para casos específicos, não é a rotina ”, explica.

Se achar necessário, um paciente pode pedir a anestesia, mas precisa ter em mente que isso irá gerar uma internação. No sistema privado, será, consequentemente, mais custos com a permanência no hospital, com o profissional anestesista e com o deslocamento. No sistema público, apesar de não haver gastos extras, também não é tão simples: a ginecologista diz ser bastante raro conseguir a internação pelo SUS somente para a colocação do DIU. Entretanto, uma anestesia local ou o uso de analgésicos costumam ser suficientes para aliviar o incômodo do procedimento.

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Os preços do procedimento variam de acordo com o consultório, o profissional e o tipo de dispositivo intrauterino, podendo ir de R $ 500 a R $ 2.500. Quando inserido como forma de anticoncepção, tanto a cirurgia quanto a aquisição dos DIUs Mirena, Kyleena e de cobre devem ser obrigatoriamente custeados pelos planos de saúde, segundo a Resolução Normativa n ° 465/2021 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Muitas operadoras, inclusive, destinam a paciente a centros específicos para a colocação. Se ela apresentar por fazer com o médico particular, alguns serviços também conseguiram ceder o reembolso. 

Quanto ao custo do DIU, o valor muda de acordo com o modelo e o material escolhido. Enquanto os DIUs de cobre estão na faixa de R $ 150 a R $ 200, os de prata custam em média R $ 300 a R $ 380. Já os hormonais, como o Mirena e o Kyleena, ficam em torno de R $ 800 e R $ 900. 

Segundo a dra. Thais, no serviço público, a diferença é que há maior facilidade em encontrar gratuitamente o DIU de cobre, tanto a nível de assistência primária quanto de grandes maternidades. Entre os hormônios, apenas o Mirena é coberto pelo SUS, frequentemente voltado para o tratamento de patologias como endometriose, miomatose ou doenças uterinas que precisem de controle de sangramento. Os de prata, porém, não estão disponíveis entre os serviços públicos.

Outra particularidade é que as unidades podem recomendar a participação do paciente em um grupo de planejamento com médicos, assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos para que ela conheça todos os métodos anticoncepcionais disponíveis antes da colocação do DIU. Essa etapa não é obrigatória.

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Sim. “Não existe uma regra específica quanto ao retorno, mas é comum que o médico percebe um ultrassom após a inserção. Pode ser de forma imediata, logo depois do procedimento, ou em um período de 30 dias. Servir para conferir se o DIU está na posição certa ”, afirma um ginecologista.

Posteriormente, o acompanhamento é periódico, podendo ser realizado a cada seis meses ou a cada um ano. Nos primeiros meses, a frequência tende a ser maior, já que podem acontecer variações de cólica e sangramento. Depois, é provável que um paciente tenha apenas que realizar um ultrassom rotineiro para avaliar uma acomodação do DIU. 

“Quanto à contracepção, a paciente pode ficar tranquila. O que ela não pode deixar de fazer é usar preservativo, pois o DIU não protegido contra infecções sexualmente transmissíveis ”, lembra dra. Thais. 

Além disso, caso o DIU seja hormonal e a colocação não tenha sido feita nos primeiros 7 dias da menstruação, é preciso esperar mais 7 dias até que o dispositivo deva fazer um efeito. Nesse período, a camisinha também é indispensável para não correr o risco de uma gravidez indesejada.

Durante as relações sexuais ou a conformidade, pode ser a sintaxe da mulher ao fio do DIU, tendo em vista que ele se estende até a vagina por um comprimento aproximado de 2 cm. No entanto, se houver dor ou desconforto, o melhor a fazer é procurar o ginecologista.

Os DIUs de cobre, como os oferecidos pelo SUS, têm duração de até 10 anos, enquanto o DIU de prata e os hormônios geralmente se mantêm por até 5 anos. Os mini DIUs, isto é, aqueles com dimensões reduzidas, precisam ser trocados a cada 3 anos. “Em alguns casos, a gente consegue postergar por um pouquinho mais de tempo, mas isso é muito individualizado”, diz a dra. Thais.

No dia da troca, um procedimento único é necessário para retirar o dispositivo que já estava no útero e inserir o novo. Os planos de saúde também são obrigados a cobrir essa segunda intervenção, mas não se responsabilizar se um paciente se arrepender e quiser tirar o DIU. Em caso de qualquer problema com uma operadora, consulte a Central de Atendimento da ANS.

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Sobre o autor: Beatriz Zolin

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